domingo, 18 de maio de 2014

Amor e Vacuidade

           
 Hoje eu conversei com um coleguinha meu, um rapazinho de uns 13 anos que mora em uma comunidade carente. Perguntei sobre relacionamento e ele me respondeu que ele estava louco para “ficar” com alguém e que estava triste por não ter “ficado” ainda.
            Hoje vejo eu que este desejo é normal em pessoas desta idade atualmente. Hoje tenho 22 anos. E penso em como seria se eu tivesse pensado assim nesta idade. Nesta idade estava eu ainda discutindo religião com as meninas da oitava serie. Nem pensava em ficar, mesmo com um sentimento forte e antigo por alguém que eu conheci na quinta série.
            É, leitor, eu guardava um sentimento naquela época. Eu guardo até hoje um pensamento que me faz sofrer e que me dá esperança: eu acredito no amor.
            Eu acredito veemente que existe alguém para alguém. É uma força ilógica que só me trouxe sofrimento e espera. É uma fé imprestável que guardei e alimentei.
            Não sei por que alguém procura relacionamentos curtos e sem compromissos, nem tampouco sei por que eu sempre quis tanto um alguém de longo prazo.
            Fui muito mal criticado por isso. Mas, leitor, por acaso a vida não tem algo além de um prazer momentâneo? Por que estas crianças que preferem serem chamadas de pré-adolescentes têm tamanha pressa no prazer? Por que a natureza tem as estimulado tanto se seus corpos e suas mentes não são maduros? Mais uma duvida: este amor de casal, sim, este amor que aflora por uma pessoa única e que para alguns permanece imanente por toda a existência ainda aflora nas pessoas ou sou eu que inventei isto para mim?
            Sei que este amor foi aquele mesmo amor que o poeta adotou como seu tema principal e que como o compositor e o musico faz sentir um desejo de buscar e ir até a felicidade para encontrar este sentimento.
            Eu não sou um ser de solitude, não procuro paz na solidão, não ainda. Mas, este amor é algo que me incomoda muito. Esta sensação de ser incompleto, este vazio, eu não acredito que eu seja o único a sentir, mas sinto e tenho na verdade ódio por esta sensação incomoda. Tudo seria melhor sem ela, esta ilusão que cria o coração: a ilusão de que o ser que o sente é uma metade. Se a natureza é uma obra perfeita e eu sou uma parcela da natureza, então por que eu não sou perfeito? Por que esta sensação de vazio e de falta? Por que esta escassez, esta sensação de insatisfação na solidão?
            Eu só sei de algo. O amor, por mais intenso, vivido, desejado, repelido que seja ainda é ininteligível.
            Dizia Blase Pascal:

            “O coração tem razão que a própria razão desconhece”

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Certo, o Errado e a Culpa

                Reparo nas pessoas que aparentemente não conseguem examinarem-se e me parece que não comportam em suas cabeças algum conselho ou algum comentário sobre seu proceder.
Todo homem “comum” tem dentro de si um sentimento que é sentido quando comete algo que sua consciência reprova.
Note que um animal não mata por prazer, eu acredito, mas, se o leão não estiver com fome, não irá à cassa. Não vivo com leões, mas suponho que assim seja.
Acredito (sim, tenho fé nisso, mas não sei dizer se é verdade, leitor) que alguns animais sintam culpa.
Mas como o leão cassa sentindo culpa? Não pararia? Acredito que tenha uma desculpa para não sentir: a fome. Sem fome ele não cassa. Mas também não suponho que o leão tenha noção do errado, mas será que não havendo em seu imo a noção de errado... Também não teria a noção de certo?
Existe uma coisa estranha no senso comum!
A coisa parece provar a sua inversa!
Mas a tese prova a antítese?
Lembro dos que se ofendem quando digo que não existe diabo. Dizem:
- Então você não acredita em Deus, Ewerton!
Como se no dia que alguém provasse a existência de um Criador Universal, fosse provada também a do Destruidor Universal.
A mais simples lógica parece fugir de alguns.
Então o leão ou o ignorante pode ter noção de certo sem ter noção do errado? Uso o leão apenas como exemplo.
O certo pode ser apenas o errado embelezado. O falso também pode ser o verdadeiro numa forma que uns considerarão sem beleza. Verdadeiro e falso são inversas, mas certo e errado podem ser ilusões e também falsa moral. Alguns certos têm certas ilusões.
                Mas e o leão? Por incrível que pareça é mais fácil falar de homens. O desconhecido confunde (não digo desconhecido da ciência, mas de mim mesmo e por isso usei o verbo acreditar, pois acredito em uma racionalidade animal, mesmo que em nível inferior ao seu, leitor).
                Mas, o certo e errado são valores! Valores desprezados com o tempo, e adulterados com o passar dos anos. Alguns são mantidos e outros modificados pelo falso, o verdadeiro, o lógico, o emocional e pela fé.
                Estas mudanças de certo e errado são também individuais, pois como havia dito em outros textos: há em cada um uma moral individual. O individuo que presencia isto pode se confundir facilmente em opiniões alheias. O individuo, acredito novamente eu, deveria ter uma opinião própria, mas copiamos tanto que eu nem sei se realmente dá para se livrar da “cultura”.
                Sim! Copiamos o certo e o errado, somos plagiadores em nossos valores, e isso é normal, mas às vezes inconsciente enquanto alguém não te disser que nem tudo que é certo é em toda a ocasião que poderia ser.

                E aqueles que não levam conselhos, ou dizem que “ se conselho fosse bom se vendia”, nada mais são que pessoas inflexíveis diante da culpa, ou que sentem meso de sentir este “desagradável sentimento”. Pois a cultura os dizem tanto que estão errados, que podem chocar-se.